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quinta-feira, 28 de maio de 2009


"será que, às vezes, a gente vai com tanta pressa ao encontro de alguém que se esquece de se levar junto? Será que o Sol, quando é muito forte, faz a sombra chegar primeiro do que a gente? Será que é assim que tudo acaba? Ou nem mesmo começa? " (Fonte: Orkut de Maria Almeida)

segunda-feira, 11 de maio de 2009


"E foi então que apareceu a raposa.

- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...

- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.

- Que quer dizer "cativar" ?

- É uma coisa muito esquecida. Significa criar laços...

Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. Eu não tenho necessidade de ti e tu não tens necessidade de mim.

Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.

Mas se tu me cativas, teremos necessidade um do outro.

Serás para mim, único no mundo. E eu serei para ti, única no mundo.

Minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros.

O teu passo me chamará para fora da toca, como se fosse música.

A gente só conhece bem as coisas que cativou.


- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.

- É preciso ser paciente. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim.

Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada.

A linguagem é uma fonte de mal - entendidos.

Cada dia te sentarás mais perto...

Se tu vens por exemplo, às quatro da tarde, desde às três, eu começarei a ser feliz.

Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.

Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah! Eu vou chorar...a gente corre o risco de chorar um pouco, quando se deixou cativar.

E acrescentou:

- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua, é a única no mundo.

É simples, o segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

Foi o tempo que perdeste com tua rosa, que fez tua rosa tão importante.

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

Tu és responsável pela rosa...

- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar...

" Os homens do teu planeta, disse o principezinho,cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim...e nunca encontram o que procuram...

E no entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa, ou num pouquinho d'água...Mas os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração..."


* Antoine De Saint- Exupéry

sexta-feira, 1 de maio de 2009


O mundo perfeito

Por: Tom Coelho



“Busque a alta qualidade, não a perfeição.”(H. Jackson Brown Jr.)



Você é encarregado de preparar um determinado projeto. Em verdade, você mesmo candidatou-se a esta tarefa, pois conhece o assunto como poucos e está certo de que poderá contribuir com sua equipe. Assim, bastariam algumas horas de transpiração diante da tela do computador para produzir uma primeira versão do documento que seria apresentada aos seus pares propiciando debates e a elaboração de uma versão posterior, mais densa e melhor estruturada.
Todavia, seu nível pessoal de exigência impede-o de redigir uma proposta sem antes promover todo um trabalho de pesquisa para embasar sua tese. Mas pesquisa demanda tempo e o tempo é a matéria-prima mais escassa do mundo moderno. Passa-se uma semana, duas, um mês. O projeto não sai de seu pensamento e não vai para o papel. Você se angustia, perde o prazo e a credibilidade com seus colegas. E consigo mesmo.
O exemplo acima pode representar um projeto profissional. Pode também ilustrar um trabalho acadêmico ou mesmo uma ação filantrópica. O fato é que em qualquer um dos casos o desejo de fazer o ótimo dilacerou a possibilidade de fazer o bom. E, no final das contas, nada foi concretizado, o que significa um resultado péssimo.
Convido você a fazer igual analogia com outros sonhos que já visitaram suas noites em vigília. Livros que não foram escritos, músicas que não foram compostas, poesias que não foram declamadas. Uma intervenção necessária durante uma reunião que foi contida por falta de ousadia. Uma declaração de amor reprimida porque você ainda não se sentia preparado.
Temos o mau hábito de esperar pelo mundo perfeito para tomar decisões. É como se decidíssemos cruzar a pé uma movimentada auto-estrada apenas quando todos os veículos parassem para permitir nossa passagem, sem a existência de qualquer sinalização que os obrigasse a tal ação.
Enquanto buscamos e ansiamos por este mundo perfeito, outras pessoas fazem o que é possível, com os recursos de que dispõem, dentro do tempo que lhes é concedido. E não raro acabam sendo bem-sucedidas. Então, ao observarmos o conteúdo de suas produções, colocamo-nos imediatamente a criticá-las, certos de que poderíamos ter alcançado um resultado muito mais satisfatório. Nós pensamos; elas agiram.
Observe como muito pode ser feito usando de pouco tempo e de muita simplicidade. Muitas vezes basta um telefonema de alguns minutos para dirimir uma dúvida, prestar um esclarecimento, obter uma dilação de prazo. De igual maneira, um e-mail redigido em uma fração de segundos pode aquietar o espírito de seu interlocutor e sepultar o risco de um desentendimento. Agradecimentos, por sua vez, devem ser prestados o quanto antes, ou tornam-se inócuos e desprovidos de sensibilidade.
Um livro pode ser escrito de uma só sentada ou capítulo a capítulo, dia após dia. Uma música pode ser composta num guardanapo de papel na mesa de um bar ou nas bordas de uma folha de jornal que repousa em seu colo dentro de um ônibus. Um poema pode ser oferecido em meio a um jantar ou dentro de um elevador que se desloca do terceiro piso para o subsolo.
O tempo certo para agir é agora. Não de qualquer jeito, não com mediocridade, mas com o máximo empenho possível. Amanhã, como diriam os espanhóis, é sempre o dia mais ocupado da semana.